terça-feira, 13 de abril de 2010

Faroeste

Aqui propositadamente e ordenadamente
vêm as palavras dizer sobre os que fazem calar.
São eles:
Os que ensinam que o tempo é curto e que a morte é certa
mas que se deixam morrer ociosos e niilistas ao longo do dia;
os que ensinam o valor do dinheiro e do salário e do suor
mas que se esquecem do valor do sentimento alheio e das pessoas;
os que sabem da vida e viajaram o mundo todo e toda sua bicentena de países
mas que se recusam a saber e conhecer seu próprio país;
os que sabem de toda a teoria do caos, estatísticas e suas incertezas
mas não têm nenhum dado sobre a felicidade, absoluta ou relativa das pessoas.
os que crêem cegamente na vontade humana e na existência de oportunidades iguais
mas que se esquecem dos desertos, guerras, viadutos e fomes;
Os que acreditam em todos os livros, poesias e toda a ciência
e não se lembram que sentir é muito, muito mais que imaginar;
e finalmente, os doutores de todas as ciências, lugares e sentimentos
que se esquecem de se calar e não aborrecer as pessoas:
esta cidade é pequena demais para nós dois!

Um comentário:

Maurício Campos Mena disse...

Ao final já estava divagando sobre o porquê do título, muito bom o desfecho.
E muito bonito, cara. Essas coisas que nunca esquecemos, mas sempre temos de nos lembrar.
Sentir é bem mais que imaginar.

abraço!