É quando tudo se cala,
tudo escurece,
tudo perece
que tu cantas.
Cantas para ver acender
naquela janela,
bem ali em frente,
uma luz carregada de
palavras urradas,
trovões loucos
e vozes roucas,
cheia de maldizeres,
rajadas e cortantes,
empurra para longe o silêncio
e vêem mais luzes,
tal qual vagalumes ordenados,
programados para iluminarem-se.
Esta cidade dorme,
e os sonhos nem sempre
são bons.
A lua compete com luzes dos postes,
insones.
As estrelas, esmaecem-se.
Viram nada, perecem na escuridão.
Há automóveis, longes.
Quando em vez, chegam perto
com a mesma rajada
a invadir nossos aposentos.
Esse teu canto, incompetente,
não acorda nada, nem ninguém.
Estão acordados, todos!
Estão a trabalhar,
a beber mágoas e alegrias
e a fazer amor.
Tudo, em silêncio,
essa é a regra.
Acordados em silêncio,
para não incomodar
esse silêncio!
E como acalma, como é bom.
Se cantares novamente,
palavras voltarão contra ti,
enraivadas e ecoadas.
Não grita! Me doem os ouvidos...
Vamos, temos uma noite a viver,
em silêncio, que amanhã
vem o sol com todo seu barulho.
Amanhã trabalham todos os ouvidos.
De manhã temos todos que gritar
para despertar uma cidade
já acordada.
Mas é a hora de quebrar o silêncio,
pois a luz já veio!
Aí acaba o amor,
a tranquilidade.
E assim, cada dia,
são dois:
o dia do barulho,
e o dia do silêncio!
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
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