Se não é a morte que nos assusta tanto, talvez seja a vida, pois!
Passo um bom tempo a assistir vídeos, clipes, ouvindo minhas músicas favoritas, sendo que uma boa parte, possivelmente, duas, três, quatro, cinqüenta, cem vezes mais velhas do que eu.
Me fazem pensar em tanta coisa, e muitas vezes perco bons pensamentos acreditando que começo a pensar outro melhor, mas aí o antigo, depois que percebo sua qualidade superior, me foge como foge um peixe, esguio, de nossas mãos ao tentar tocá-lo.
Assisto a várias bandas que meus pais ouviam, ouço-as com ouvidos novos, embora sejam sons antigos. Sons que possivelmente começaram a mudar o mundo antes mesmo que eu começasse a me entender como uma alma que se preparava para adentrar a penosa, porém não menos agradável, vida terrena.
Vejo tantos mortos que me comovem, me movem, mudam a batida do meu coração, e mais além ainda, mudam meus passos ao caminhar. John, Freddie, George, Syd, até Elvis, dentre muitos outros. Vejo lugares que nunca estive, mas sinto como se de lá emanasse parte da energia que me sustenta como ser ativo de algum restrito meio cultural do qual tento fazer parte e do meio social ao qual tento convidar muitos.
Não sei bem qual foi o meu intuito ao escrever isso, mas me saiu de modo que minhas entranhas não suportavam todas essas palavras juntas. Talvez fosse uma homenagem à grandes defuntos, que agora pagam pela vida que tiveram, como um dia hei de pagar, e, assim, toda minha energia esvair-se-á de modo que, no sono eterno, estarei preso não mais a um corpo, mas a uma forma estranha de energia que foi sinceramente criada, recriada, descomportada, divulgada e transferida por honorários defuntos ou pré-defuntos, onde leis e físicas não se aplicam, onde o som é, sim, uma onda, uma vibração mas que tem muito mais a ver com coração que com meio de propagação.
Seres propagantes somos nós. Em propaganda veloz ou até mesmo na mais lenta, porém duradoura, levamos adiante a fim de talvez lembrarmos de nossos tempos, quando vagarmos sem rumo, talvez fátuos, talvez disformes, levianamente descuidados com a realidade dos vivos, nos assustando cada vez mais com essa vida, cada vez mais preocupada com coisas que, no nosso tempo, e nos de nossos antepassados e dos sucessores da presente geração, não pode nos fazer nenhum sentido, e assim, dizendo sempre a frase: "no meu tempo..." - um tempo que jamais existiu, não fosse pela dubiedade que nos obrigamos a nos expor, esquecendo-nos que o nosso tempo não é nosso, mas, de alguma forma, devemos muito a quem tenta construí-lo, esses nossos defuntos, moribundos ou não, pioneiros ou não, mas que nos marcam, levam nosso presente a quem, um dia, o achará estranho, aceitando-o por quê, afinal de contas, tudo tem sua beleza.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
"Vejo tantos mortos que me comovem, me movem, mudam a batida do meu coração, e mais além ainda, mudam meus passos ao caminhar."
Bela frase.
Postar um comentário