Tenho que tomar cuidado por onde ando! Todas essas almas partidas, espalhadas e despedaçadas pelo chão...Não há limpeza nesse local, pois as almas não são recicláveis! Almas mortas por montes de palavras frias e cruéis. Cirúrgicas! Palavras que, ora saíram sem querer, ora pularam para fora e não mais puderam voltar; palavras escapulidas num momento em que o mundo não cabe nos pulmões e costelas da pessoa que as profere; palavras maldosas e inescrupulosas, má-intencionadas, também.
Nuas, proféticas e herméticas. Todos hermetismos passam necessariamente por essas palavras, que ajustam tudo como querem. Podem dizer muito ou dizer nada, ainda assim, de qualquer forma, poderosas! Manipuladoras e mecânicas, com vontade próprias. Todas essas que me saem agora, saíram planejadas, combinadas. Nada é aleatório ou tem livre-arbítrio, com exceção das palavras. E agora, jazem essas almas sob meus pés, amorfas, irreconhecíveis. Conhecidas e desconhecidas. Todas inteligentes, livres dessas palavras. Sem vida, entretanto. Até que me sinto bem nessa situação. Regozijo uma vida presa, truncada, atravancada, mas, contudo, vida. Meus olhos constroem palavras que ficam presas no fundo da minha retina, tatuadas lá para sempre. Sons, cores, texturas, são como essas almas. Mortas, independentes.
E há, por cima de tudo, um coração que bate. Um coração que sente, que se arrepende das almas, tal qual vidros em estilhaços, partes de um espelho que nos traz a imagem cansada de nossos rostos, e nos corta com seus cacos, mas o brilho ainda nos emociona. Um coração que bate, e como bate, e como sente, e como ama, e como vive, pulsa, luta, regozija, exubera. Deixo sair as palavras que tornaram meu dia chato, intragável. Vão, e tomara que não voltem, eu as amaldiçôo. Mas são necessárias. Um dia hão de levar minha alma. Até lá, ainda darei muito trabalho a elas com todo meu silêncio e meus sentimentos, calados. Nem um pio, silêncio. Meu coração se acalma, e assim fica. Silêncio, silêncio...
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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