quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Revolução dos Bichos Revisada

Um homem que vive só de suas memórias
é um homem sem rosto,
sem vista e sem cor.
Um homem que não tem memórias,
também é um homem sem rosto,
sem vista e sem cor.

O que vive um homem
é o que sua memória guarda,
o que seu pensamento constrói,
é o que passa de sua memória,
é o que cantam suas virtudes
em virtuosas notas.

Pois o silêncio
é a escuridão da voz,
é a cegueira da boca,
a surdez das cordas.

Um homem não tem,
assim, uma definição.
Um homem, acredita-se,
acredita.
Duvida, porém.

Dúvida é a certeza do incerto,
a incerteza afirmativa,
a translucidez precisa.

Um homem escapa aos pensamentos,
às palavras que o definem,
e um homem grande ou pequeno
quem o faz são outros.
E também ele mesmo.

Um homem não precisa ser homem.
Há muita mulher
mais merecedora do título
de homem que
muito homem que se diz homem.

Um homem sempre caminha
nessa exata linha
que divide os opostos,
onde as intersecções não se definem.

Um homem.
Nem sempre se pode explicar tudo.
Nem o que é homem.
Mas todo mundo sabe,
só de um olhar,
quem é homem, quem é cachorro
e quem é porco.

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