quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Mulher

Mulher tem é que gostar de pimenta.
Essas são as melhores.
E de cerveja, também.

Mulher tem que ser linda
de se olhar,
mas também tem que ser linda
de se conversar.

Mulher tem que comer o que gosta.
Ninguém precisa exagerar,
mas também não precisa se afomear.

Mulher tem que gostar de ser mulher.

Mulher não pode querer
entrar na justiça
contra a língua portuguesa.
(É tão besta...
quem importa
se é presidente
ou presidenta?)

Mulher tem que reclamar
da minha roupa jogada no chão,
mas sem ficar brava.

Mulher tem que acreditar
quando digo que ela está linda.

Mulher tem que se despreocupar.

Mulher tem que gostar de sexo.
Tem que querer sexo.

Mulher não pode ter dor de cabeça.

Mulher tem que cobrar carinho,
tem que precisar de mim
na mesma intensidade
que eu preciso dela.

Tem que olhar as estrelas,
tem que andar de mão dada,
tem que querer bem.

Se eu um dia achar uma mulher assim,
prometo ser o homem
tão intenso
quanto desejei esta mulher.

sábado, 14 de novembro de 2009

Nódoa sem Ponto

O que me diria então se dissesse eu a ti que também me veio tudo assim num sopetão só desses que se os dedos não acompanham sai tudo errado e nem ponto dá tempo de pôr? Em menos de três ou dez minutos escrevi tudo que me passava pela cabeça mas eu fui um tanto fraco pois aqui tem pontos em demasia. Minha inspiração não está tanto pra tão pouco ponto, contudo conto com tudo quanto é conto de réis de inteligência para jogar fora da minha inspiração esse tonto (tanto) de ponto que me veio aparecendo. Por que se a gente diz é tudo assim mesmo direto e se a gente dá tempo pra pensar acaba dizendo asneira e é aí que a merda vem feita, a gente diz o que não quer por que pensa o que não quer mas aí a gente diz e como se diz palavra dita não volta atrás, é como flecha lançada. Meu intuito não é seguir essa mesma linha que tu (bródi véio!) já que nem pude não parar para respirar por aqui (e já o fiz bastante) mas é que a meu ver foi muito apropriado ter lido isso que tu escreveste que pareceu fluir tão natural de modo que me tinha acabado de sair tanta coisa ao natural e quase da mesma maneira. Na verdade isso foi só uma vontade de mandar um abraço de um jeito mais ao natural possível bem diferente dos parabéns de aniversário que a gente tá acostumado a receber de quem trocamos menos de três bons-dias por mês e ainda assim temos que abraçar o infeliz que na verdade nem sabia que dia era nosso aniversário, só por quê alguém contou.
E se vou fazer aqui um parágrafo é só pra dar um tom de destaque para o que vim dizer: abraços, meu velho!

O Futuro da Nação

É estranho pensar
que meus colegas hoje
serão os profissionais de amanhã.

Aqui do meu lado,
um futuro engenheiro
que vai me projetar meus carros,
só preocupado com
sua vida sexual.

Logo ali,
um filósofo
que ainda desconcertará
minhas idéias
com seus tapas na cara
da sociedade,
fazendo o que todo mundo faz:
bebendo, fumando, transando.

Trombo (ainda embriagado)
com o homem
que vai me tirar o tumor
do meu pulmão,
mas ele não larga
o vidro de lança-perfume.

O incrível é que
ainda saímos vivos da faculdade,
prontos a exercer
nossos ofícios!

Egocêntrico

Foi no dia
em que acordei,
e não precisava
mais de mim para viver.

Fui livre.
Ia onde queria,
por que aquela
velha e chata
parte de mim
tão acomodada
eu havia expulsado.

E eu pude então
escolher dentre todas as pessoas,
podia ser qualquer um,
em qualquer lugar,
pois não havia um
corpo, nenhuma alma.
Era eu na mais pura
essência de ser:
tão nua como antes
de virmos ao mundo.

Mas daí olhei ao redor,
era todo mundo tão chato
que acabei me escolhendo de novo.

Texto

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Imagem.
Imagem.
Imagem.
Imagem.
Imagem.
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Imagem.
Imagem.
Imagem.
Imagem.
Imagem.

Só queria eu também
ser um destes
baluartes da prepotência,
um chato de galocha
a fazer outros acreditarem
que aqui realmente
existe algum sentido.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Jeito de Falar

As palavras foram penetrantes. Não fazia ele o seu tipo usual, mas de repente, pareceu a ela extremamente sensual. Tudo por que soube dizer as palavras corretas, naquele exato momento, com aquele exato tom. E o jeito como movia os lábios, assumiam um caráter mais carnal como o de costume. Toda a paixão entrou pelos ouvidos, e com ela todos os desejos. E tudo se transformou num calor que subia por meio das pernas, e um arrepio como que a acariciando os seios, chegava numa forma de falta de ar pelo pescoço, que, por sua vez, esperava um toque úmido de lábios. Ah, mas também foi aquele olhar de quem via sem olhar, ou de quem olhava sem ver, que trespassava qualquer carne e osso - principalmente a carne. O movimento dos olhos era como um tango, e tinha o calor do tango. Tinha a sensualidade do tango, mas com um leve tom de valsa, gracioso. E aquilo fazia-a subir pelas paredes. Já se colocaria despida ali, sensualmente, abriria um sorriso discreto, se aproximaria até o ponto em que ambos pudessem sentir a falta de respiração, a entonação falsa das vozes cobertas pela libido, mas no fundo sabia que não era isso. Aquela vontade passaria em alguns minutos - o quanto durasse o orgasmo. No fundo sentia que essa vontade era superficial. Preferia os pensamentos vazios e profundos aos desejos frívolos e profanos. Ele, do outro lado, nem sabia o que se passava, e o que tinha perdido. Seria a melhor de todas suas noites, mas agora não fazia mais diferença. Era um passado que nem chegou a ser cogitado como futuro.

sábado, 7 de novembro de 2009

Ponto de vista

Já perdi a conta
de quantas vezes
foi que me perguntei
porque sou eu quem estou aqui.

Como seria se talvez
outro espermatozóide
fosse mais rápido,
se eu existiria
de outra forma.

Mas nunca olhei
pelo outro lado da coisa:
por que não seria eu?
Esse é o tipo de pergunta
que a resposta
tem a mesma direção,
mesma intensidade
e sentido oposto
ao da pergunta.

O efeito?
Mais uma pergunta
sem resposta legítima.
Mas é só uma nova maneira
que inventei
de fazer-me achar
um pouco menos poeira cósmica,
um pouco menos acaso.

Ao "porque não"
está atrelado um
"porque sim",
sendo que este é,
para mim,
muito mais importante
que aquele.

Por que este
está baseado
em ser;
aquele, em
deixar-se ser.
Um, é aceitar;
outro, acreditar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

What shall we say now?

There's a new trend,
and love
is no longer claimed
to our mother language.

I've got some ideas,
and I can´t say
the way I wanted to.
I earned this accent,
most similar
to some kind
of a strange language.

We now got to go shopping,
in the shopping mall,
and we got to eat
all that junk food,
fast food,
and all them
go to the hair stylist,
and all we hear about
is fashion,
is english all over here,
and do we all have
some kind of feeling,
some kind of sensitiveness.
But we no longer feel identified.

We kind of lose our nation,
we're no natives of our land,
we're nothing more
than strangers.
Foreigners who were born in here.

I'd rather love São Paulo
much more than love New York
(although is much easier
to love the last one).

I'd rather say "portuguêis"
much more than say "portuguese".

We have all the rock and roll,
and we do have some popular music,
born in here, that grows here everyday.
But I don't know, sometimes
I feel like the blues seems more
contagious,
and then I feel blue.

I rather love my place,
my country,
my land
(pleasant land),
even though
some of my brothers here
try so much
to build ruins over
all that's beautiful here.
But I swear,
I still have my faith
in all the people that lives in here,
but I just don't know
how long I can stand from here.