terça-feira, 21 de julho de 2009

A resposta está no último verso

É algo assim,
que como se morrendo,
vivesse.
De olhos abertos,
é insuportável.
Acordar é terrível.
Mas nem dormir se consegue.

A questão é:
quando eu estiver limpo,
vou querer limpar
todo o resto?
E o medo de acabar me sujando...
de novo.

Por isso se pode dar um nome,
apenas um:
ressaca!

domingo, 19 de julho de 2009

Frases do Cinema (Revolutions...)

Hoje assisti 2 filmes do Woody Allen, e uma sessão de frases do cinema sem Woody Allen não pode ser séria. Então, aqui vai uma de cada filme:
-"Nunca tive um relacionamento com uma mulher que durasse tanto quanto o de Hitler e Eva Braun" - Woody Allen em "Manhattan"

-"O coração é mesmo um músculo muito elástico" - Woody Allen em "Hannah e suas irmãs"!

Vale a pena ver. Um dos mestres, realmente!

A Regra do Jogo

Gosto de jogar o jogo
com quem sabe jogar.
Pois é assim, é melhor assim:
sabemos as regras,
e vamos adiante.
Partimos desse pressuposto:
o de que sabemos jogar.

Como um diretor
que dirige um filme
como se fosse a própria
vida criando vida.
Muda, transforma,
cria, desentorta.
Tira dos atores
a essência.

Como os atores
que deixam de ser gente,
para ser papel.
Para ser imagem.
Sabem as regras,
e jogam.

Por isso não gosto das palavras.
São ineficientes,
não conseguem dizer.
Por isso a criatividade
se sobrepõe.
É preciso jogar com as palavras.

Até que gosto deste jogo:
tenho uma tela, umas teclas,
algumas idéias
e um pouco de vida.
Mas ainda estou a aprender.
Quais são mesmo as regras?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amor próprio

Acordei. Levantei com aquela cara toda amassada, com um gosto horrível na boca. Hoje nem era dia de acordar; melhor mesmo era ter ficado dormindo. Mas não consegui. Fui em direção ao banheiro, e já senti que haveria um desentendimento. Olhei aquele estranho pela janela que dizia coisas horríveis. Por Deus, eu devia estar dormindo mesmo, que nem janela era; falava eu ao espelho. Como poderia, entretanto, dizer tantas asneiras que eu jamais seria capaz de concordar?
Decidiria que ficaria o dia todo sem falar com este estranho de cara amassada - que era eu. Nem em pensamento. Eu daria uma trégua de mim mesmo, era esse o meu castigo. Saí de casa com todas as minhas coisas. Totalmente em silêncio, nem uma palavrinha, e tudo um breu em minha mente, para não correr o risco de fugir do castigo. E foi realmente difícil não tecer nenhum comentário quando vi aquela linda mulher atravessar a rua, como que ignorando os carros, que de modo algum poderiam ignorá-la.
Mas tive que me segurar. Ela era linda, mas eu merecia. Foi então que resolvi andar mais rápido, para prestar atenção nos meus passos bem ritmados. Sou sem ritmo de tudo, não consigo nem cantar os parabéns que já atrapalho todos os outros com minhas palmas fora do compasso. Mas para andar, tenho um ritmo muito forte. E isso me distrairia.
Nem percebi como eu era teimoso. Queria mais que tudo falar-me, mas não podia. Não devia. Mas eu queria. Não sei quem foi o louco que disse que louco é quem fala consigo mesmo. Travo diálogos brutais e intermináveis diariamente comigo, penso no mundo e penso comigo mesmo, para não me sentir muito sozinho. Assim, tenho um diálogo, pois até que sou bom ouvinte. A parte que pode me fazer passar por louco é que eu nem sempre concordo comigo. Ou é que gosto de ser meu advogado do diabo, e é isso que nos trouxe até esse ponto. Um auto-desentendimento de proporções homéricas. E eu nem lembrava mais o que eu tinha dito. Estava sonolento, só sei que foi horrível.
E sou tão teimoso que mesmo não me lembrando continuo meu voto de silêncio, se é que pode ser chamado assim. Mas percebi que passei a me conhecer um pouco melhor. E acabo por me apaixonar mais por mim mesmo a cada minuto que passo longe de mim. Acho que tenho um relacionamento como se fosse um namoro; às vezes preciso de um tempo de mim mesmo. E é sempre difícil, mas necessário.
Volto para casa, me recomponho, abro uma cerveja bem gelada, faço um brinde - que beber sem brindar, sete anos sem transar - pergunto como foi o dia, e aquele (ainda) jovem ao espelho só me diz: "solitário". Me arrependo, mas ainda assim achei necessário o que fiz. Bastou um gole da gelada para tudo voltar ao regime permanente de todos os dias, fizemos as pazes, e até me admirei um pouco no espelho. Eu parecia diferente, pois, como dizia Raul, a chuva voltando pra terra traz coisas do ar.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Surgimento do Universo

Diz-se futuro
algo que não foi,
ainda que previsível
como uma moeda
de dois lados iguais
aos que ela não possui.

Avançam sobre as horas
monstros mitológicos
tão antigos
quanto o tempo
onde os sons diziam luzes.

Luzes tão fortes quanto
os átomos que relutam
em se deixar entender pelos homens.
E daí enchem-se de perguntas novas
sem nem saber o que significam
as antigas.

Nesse paraíso
tão endêmico
vê-se surgir pandemias
tecnológicas incalculáveis,
cheias de ser ou não ser.
Cheias de um prazer
indissociável
à mais sublime
-simples-
arte de existir.

E foi nesse tom de manhã
que acordei
sem me dar conta
de que todo o mundo cabia num sonho,
tão grande quanto
o universo se expande,
mas tão pequeno
quanto minha cabeça suporta.

sábado, 11 de julho de 2009

Nada, nada

Não sei por quê
mas parece que tem sempre
fantasmas a me rodear.

Não sei por quê,
não consigo fazer nada.
Não sei o que pensar,
o que fazer, o que dizer,
nem o que escrever,
e acho que por isso
estou escrevendo.

Este é mais um daqueles poemas
em que não digo nada de nada,
mas continuo escrevendo
para ver no que vai dar
e se me lembro de estar vivo.

O difícil mesmo é saber
se são fantasmas do passado,
se são ainda presentes
ou se são do futuro.

Por quê nem às 3 da manhã
não durmo?
Deveria ter algo
para dizer
o que estamos sentindo.
Brincar de ser gente grande
é mais difícil do que
eu imaginava;
quero colo
e quero ter 5 anos.

Vou desembestado
por não saber como ir.
Vou dormir
por que um dia
preciso acordar.
Boas noites, então!
Até outro dia, quem sabe...

Rascunho

Rascunho.
Rasgado e jogado.
Num cantinho ali,
daquela pequenina sala,
ele permanece.
À espera de ser
um grande texto.

Jamais será.
É um rascunho
rasgado e jogado.
Longe dos olhares
sedentos de leitores.
Julgado e subjugado
pelo gosto incrédulo
de seu feitor.

E aquela menina
que tão pouco leu,
que tão pouco sabe,
não poderá mais se emocionar
com suas palavras simples
de rascunho,
de incompleto,
pois jamais será
mais do que um simples
papel amassado.

Tão pobre de conteúdo,
tão pouco a dizer
-é apenas um rascunho -
mas alguém haveria de lê-lo,
e talvez daria uma boa história.
Ou não.

Afinal, é isso que os rascunhos são:
incompletos,
para que possamos contemplar
todas as infinitas histórias
que podem vir a ser.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Línguas, o que dizem?

Vieram todas as línguas. Esta haveria de ser a maior confraria já realizada entre todas as línguas. Haviam papéis e tratados a serem assinados, convenções a serem assassinadas, colocar ordem em tudo desde que tudo ficou fora de ordem, quando da construção de Babel. Todas as línguas se entreolharam, procurando semelhanças, tentando se entender. Houve um tempo que a moda era cada uma ficar no seu canto, egoísta e cheias de xenofobismo. Mas aí os homens instauraram o que seria chamado de Globalização e lá foram as línguas tentarem se adaptarem aos ensejos humanos.
Chegou o Alemão, com toda essa pompa de imperativo, sempre parecendo com intenção de dar ordens, sem uma sonoridade agradável, mas cumpridora dos seus objetivos. Cheios de regras e de "não-me-toques". O Italiano, sempre do mesmo jeitinho, um latino garboso, falastrão, no bom sentido da palavra, sempre altivo e tentando se sobressair com tons elevados de voz e com uma sonoridade penetrante, bem arrastada. O Japonês, o bom e velho Japonês. Calmo, desde que tudo esteja em ordem. Explode com facilidade, e logo se recompõe. Mas sempre em staccato, dando fortes ênfases em suas consoantes. O Português, com seu tom de saudade e com suas infinitas conjugações verbais, o que lhe dá um ar um tanto quanto culto, rebuscado, e bem sonoro, também veio. Aliás vieram o Português português e o Português brasileiro, a fim de acertarem contas antigas. E assim vão chegando as línguas, com suas tantas diferenças e dificuldades de se acertarem e de se comunicarem.
Até que chega o Inglês. A noite é dele. Ele vai ser coroado a Língua das Línguas, título só dado até então para duas línguas: em 58 a.C. para o Latim e em 1789 para o Francês, cheio de charmes e bicos e todo o romantismo do mundo concentrado em si. Não tinha lá tantas qualidades. Era uma língua na média, apesar de extremamente pragmática. E agora todas as línguas a respeitariam. Cantariam músicas e encontros internacionais seriam presididos neste idioma. Todos sucumbiriam às suas idiossincrazias. Corriam boatos até que as outras línguas morreriam, as mais velhas e as mais novas. Até os dialetos africanos, que ainda nem descobriram os tempos passado e futuro. E assim ficou estabelecido: o Inglês era agora o idioma internacional. Era só questão de tempo até todos acostumarem. Dizia-se que em cerca de 10 ou 20 anos, seria a única língua falada. O que era uma pena para o pobre Esperanto, que assistia tudo ali, mas tão caladinho, tão novinho e sem experiência. Fora criado para esse propósito, mas era muito anormal, muito artificial. Diziam que era o robô das línguas.
Um tempo se passou, cada uma das línguas mudou sutilmente, que o tempo age também sobre elas. O Inglês tem problemas em se definir europeu ou americano, mas ainda assim reina. Mas os idiomas insitem em deixar-se imunes, continuar existindo, se adaptando, até, à nova situação. Tudo muda um pouco, mas cada peculiaridade diz respeito a um povo, uma cultura. E cada vez que se tenta unificar tudo, com o tempo, mudará. Por que isto está em cada local, em cada grupo, em cada ghetto, e cada distância física ou cultural, acaba por impor forças que estão além de todo esse pragmatismo sempre alerta do ser-humano.
As línguas são soberanas de seu povo, e seu povo soberano de suas línguas.

domingo, 5 de julho de 2009

Malícia, o País das Maravilhas

Tinha 12 anos. E, nesse dia específico, aos 12 anos, 3 meses, 23 dias, 11 horas, 15 minutos e 26 segundos de vida, por algum acaso, tudo mudou sob seu ponto de vista. Sexo acabara de deixar de ser apenas uma palavra engraçada, e tinha um significado a mais, algo como um arrepio, mas não aquele de frio. Apesar que esse trazia ainda um friozinho na barriga. Mas não era a mesma coisa. E se apaixonou pelo sexo. Primeiro, pelo seu. Admirava o seu sexo como algo seu, como um filho que criava. Ficava comparando de um dia para o outro para saber se crescia. Depois, começou a reparar em algo que antes era só diversão: garotas. Ainda não tinha intenção de praticar sexo: era uma recém descoberta. Mas já passara a admirar as coleguinhas. E sabia que algumas ali já beijavam. Ah, como devia ser boa a sensação de beijar... já lhe vinha aquele arrepio e o friozinho.
Ficava acordado até horas avançadas da noite, pensando em como era o mundo crescido. E pensava em como era tolo antes por não sentir as coisas como as sente hoje. Não sabia como poderia viver sem aqueles arrepiozinhos, sem aquela vontade de fazer algo escondido de todos, atrás de algum lugar onde deixasse ele escondido com a garota mais bonita da escola. Daí ele pegaria na mão dela, bem firme, por que se fosse de leve, ela veria que ele está tremendo. Ainda adorava as brincadeiras de pique, mas agora não vivia só daquele momento. Acho que é isso o que muda: antes desse dia, não planejava o futuro; encontrava os amigos, saía para brincar, brincava, cansava, voltava para casa, dormia, sem pensar em nada. Agora, tinha de planejar. Tinha de escolher um caminho onde pudesse ver aquela tal menina detentora de sua paixão mais secreta que todas as senhas de bancos. Tinha de observá-la com a cautela de agente federal, pois ninguém deveria saber que gostava de garotas.
Até o dia que foi pego com a mão na massa. Fizeram chacota, tomou bronca dos pais. Isso era muito feio. Era um pecado, e contra a castidade. Chorou, foi humilhado. Riram do seu pobre sexo, seu motivo de orgulho. E agora, sua única descoberta foi discriminada. Se sentiu no lixo, como se tivessem esmagado todo seu corpo com tantas palavras cruéis, depois descartado. Só queria voltar ao tempo em que brincar era tudo o que tinha a fazer. Mas jamais poderia brincar da mesma maneira. Jamais deixaria de ter agora um outro objetivo. Descobriu que existia a malícia, e que ela era, em várias formas, boa. Mas tinha de a esconder. Tinha de esconder seus desejos como escondia que gostava de meninas. E agora nem queria mais esconder. Era o país das maravilhas, esse prazer indescritível que podia agora sentir. Mas não tinha nenhum green card.

sábado, 4 de julho de 2009

Turbilhões, bilhões

Eu queria era saber o que dizer.
Acordo todo dia
dizendo muito de mim
por não ter mais o que dizer.
E fico aí dizendo
asneiras sobre o mundo,
sobre minha vida,
guardando nas entrelinhas
tudo que eu acho certo
sobre mim mesmo.

Eu queria era não precisar de nada.
Nem de amor.
Pois aí, eu teria o mais puro dos sentimentos.
Poderia amar por amar,
simples assim.
Amaria por me fazer bem.
E não pelo vício vítreo
polidamente cravado nas pessoas.

Eu queria só viver, mesmo.
Acordar todo dia
não com algum propósito,
só acordar,
com o simples propósito
de acordar.
Depois pensar no que fazer.

Eu queria toda a simplicidade
da simplicidade,
sem complicações burocráticas
e autocráticas;
só ser,
e dali tirar tudo
necessário à minha
vivência e sobrevivência.

Como é bom ter tempo
para pensar,
mesmo que eu o esteja
desperdiçando tanto,
é bom parar,
pensar na vida simples,
que já não há,
não vejo para mim,
é agora a maré alta,
a tempestade
que deixou a bonança para trás.

Frases do Cinema

Ontem vi um filme que é com certeza um clássico. "O Iluminado" é uma das maiores obras de Stanley Kubrick, com certeza (para mim).

A frase é quando Jack Torrance quebra a porta a machadadas e quando abre uma fresta, ele põe a cabeça entre elas e grita:

"Here's Johnny!"

Já vi essa frase algumas vezes em outros filmes e até na série "Supernatural". A frase foi idéia de Jack Nicholson e era a frase usada para a abertura de um programa de entrevistas de Johnny Carson, muito popular nos EUA.

That's all, folks!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

When I'm Sixty Four

Agora, o original.

"When I get older losing my hair,
Many years from now,
Will you still be sending me a valentine
Birthday greetings bottle of wine?

If I'd been out till quarter to three
Would you lock the door,
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?

oo oo oo oo oo oo oo oooo
You'll be older too, (ah ah ah ah ah)
And if you say the word,
I could stay with you.

I could be handy mending a fuse
When your lights have gone.
You can knit a sweater by the fireside
Sunday mornings go for a ride.

Doing the garden, digging the weeds,
Who could ask for more?
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?

Every summer we can rent a cottage
In the Isle of Wight, if it's not too dear
We shall scrimp and save
Grandchildren on your knee
Vera, Chuck, and Dave

Send me a postcard, drop me a line,
Stating point of view.
Indicate precisely what you mean to say
Yours sincerely, Wasting Away.

Give me your answer, fill in a form
Mine for evermore
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?"

http://www.youtube.com/watch?v=qyv3PJs-KBw&feature=related

Thank you, Beatles!

Paul Mccartney - 64

Achei no youtube essa homenagem ao Paul, achei que seria interessante colocar aqui. No próximo post eu colocarei a original. O link para o vídeo segue abaixo!

“The Beatles’s Paul McCartney is turning 64
All these years gone by
The world wants to send him a bottle of wine
best musician – best band of all times
Even after the Beatles were gone
You never became a bore

Paul we still need you
We even still feed you
Now that you’re sixty four

We are older too
And your fans have spoken
You stay with us and we with you

You were seen handing and “mending a muse”
And ou never lost your hair
From Yesterday to hey jude
You have taken us here there an everywhere

Paul we still need you
We even still feed you
Now that you’re sixty four

….

In your family you live on
Including Ringo George and John

Lets send Paul a card
Drop him a line
A 1942 bottle of wine
When you wrote 64 back in the day
Did you know your 64 was on Fathers Day?

Give us an answer
Will you still tour?
Sing this one till your 94!
Paul we still need you
We even still feed you
Now you’re 64!”


http://www.youtube.com/watch?v=IUbVI8jELY8


Enjoy it!