domingo, 25 de abril de 2010

Minha Aldeia

O rio da minha aldeia
não é mais bonito que o Tejo.
Não é nem o mais bonito rio
que corre na minha aldeia
mesmo sendo o único rio
da minha aldeia.
Ele é sujo e com espuma,
espuma de detergente,
espuma de ter gente.

As pessoas da minha aldeia
não se importam que eu seja um hipócrita
e diga coisas feias sobre elas.
Elas nem sabem do que digo.
Eu sei o que elas querem,
e sei também o que minha aldeia quer.
Elas querem ter para sempre
o pai rico de hoje, mas longe;
mas isto não acontece.
Elas querem todas as aparências,
suas casas mal arrumadas
e suas roupas bem comportadas,
suas preocupações de menos
e seus carros demais,
suas histórias mal contadas
e suas festas baratas.
Minha aldeia
quer algum tipo de fogo,
algum tipo de ódio,
algum tipo de repulsa
que eu não estou disposto a dar.
Muito do meu mundo foi este
e não sou eu quem quer
afogar os olhos sedentos
das pessoas da minha aldeia.
Agora confesso que já não sei mais
o que eu quero e tampouco
o que minha aldeia ou suas pessoas querem.
"O triste nisso tudo é que eu sei disso
eu vivo disto e além disso
eu quero sempre mais e mais!"
Cruel.

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