domingo, 6 de janeiro de 2008

Experiência de Quase Morte (EQM)

Eu vi naqueles olhos, temporariamente cegos, a dor que suplicava pelo fim. Vi tanto sofrimento que seria capaz de retirar de todo o resto do mundo, toda a dor, se assim fosse possível. Mas a dor de um não subtrai a do outro. Todo o mundo, enfardado, encaixotado num tórax frágil, dócil, ofegante. Pesado. Trajado de uma pulsação incomum que demonstrava a inaptidão das moléculas em roubar do ar que nos cerca o oxigênio, retirar da química a energia, necessária até para o sofrimento.
Sim, tudo isso foi possível perceber pelos moribundos olhos da pobre criatura, indefesa, imaginem, contra seres que não possuem sequer um milésimo do seu tamanho. Protozoários e medicamentos. Foi terrível ver aquela vida enérgica definhar, suas células se renderem, se entregarem, embora não sem luta, e Deus sabe como lutaram. Aquele corpo em convulsão, aterrado de agentes químicos e biológicos.
Cheguei a chorar a perda de um ente, antes mesmo que ele me surpreendesse com uma reviravolta inesperada. Na tênue linha que nos separa das dimensões da morte, estava a criatura, mas sua hora não chegara. E surpreendera de uma forma inexplicável os que o cercam. Agradeci a surpresa. De joelhos, mesmo que incrédulo, peço perdão a Deus, Alá, Buda, Shiva ou qualquer outra divindade aqui presente, por não ter acreditado no que sempre me dizem para acreditar: esperança e vida. De joelhos, ainda, agradeço.
Reavaliei tudo que eu imaginava da vida. Realmente, de nada adianta demontrar como se gosta de uma pessoa com flores no seu mausoléu. E a vida? Como já diz um antigo texto da língua espanhola "En vida, hermano, en vida": se realmente ama uma pessoa, diga a ela hoje. "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". Um dia esse amanhã será demasiado tarde. Vai-se esperar que seja apenas um sonho ruim, que esse amanhã nunca seja o hoje, mas, salvo as circunstâncias da morte, esse amanhã sempre chega. Pelo menos enquanto se está vivo, e quando se morre, se causa todas essas senações em outras pessoas. Muitas, inconformadas. Outras, inconsoláveis. Outras, chateadas, e não mais que isso. A grande maioria, indiferente.

5 comentários:

omund(oa)manda disse...

é, você me surpreendeu
MAIS UMA VEZ !

AHuahauaHaUahauhua

adorei e já aviso q vou virar freguesa deste blog! ;D
pelo menos algum contato neh? nestas tãããao longas férias...

ah! obrigado por tudo!
vc vai pro céu!
AHuahuahauahaUahauhauhaUaH

;*

Rafael Rocha disse...

Você tem que parar de usar o seu poder de bonzinho! HAHAHAhahah

Brincadeira ... mesmo com fim bunitinho eu gostei, e mto!

Rafael Rocha disse...

Ahh, esqueci de fazer essa pergunta, que me veio à cabeça. Você está amando??? AUHHAhuauahuhuAuhauhA

Unknown disse...

mto bom!! sempre melhorando

Mistery disse...

Foi VOCÊ que escreveu isso??
Rapaaaaz, pirei

me deixou no chinelo