sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O outro lado

Sei que sou capaz
e que me esforço.
Tento, mas não dá.
Não sai do lugar.
Patina, desliza
e fica ali.

Vejo a loira que passa,
vejo seu balançar
mas nada além deste desejo
intrínseco do ser masculino.

Um moribundo por dentro,
uma caixa preta e vazia.
Esconde o porquê da tragédia.
Esqueceu-se de trazer consigo
o riso que guardou para a comédia.
Só se lembra dos espinhos,
mas nunca da rosa que os carregava.
Espinho não machuca flor,
sei disso.
Mas flor sem espinho, pode.
E espinho sem flor?

Jamais chorei tanto quanto
o violão de sete cordas
ou me arrepiei tanto quanto
um violino em solo a puro pranto.
Não sei onde estas coisas foram parar em mim.

Sinto tanto as dores de uns
mas não sei onde me guardo.

2 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

A velhice, meu caro. Eu passo o dia a tentar evitar, passo o dia a regredir, passo o dia meio bobo, tentando ser criança de novo.


Abraço!

Carolina D. R. disse...

Háaa!
Até o seu amigo aí já notou que você está velhinho, Di!

"The sun is the same in a relative way, but you're older."

Brinks! Ou não...