terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Incontido

Cansei da minha hipocrisia
e de minh'alma lavada,
meus pecados perdoados,
nao sou assim,
nao mereco perdao nem respeito,
nao passo de um trapo,
um Eugenio que se deixou perder
por um punhado de tostoes.

Quanto mais me pergunto
por que eu tenho que ser assim
mais me afasto
do homem que costumava ser.
Onde esta minha familia?
Cade meus filhos e meus planos?
Diluidos em tantas outras preocupacoes
que nem me lembro mais
se sou Cavalcante ou se sou Oliveira,
ou Silva
(acho que nenhum).

Sinto o amargo da distancia,
sei ate que os ventos e as estrelas
sao os mesmos onde quer que os sinta
ou os veja,
mas isso nao basta.
O calor se perde no caminho,
as vozes se perdem,
o brilho esmaece e o opaco predomina.

Tudo que eu nao disse
hoje resolveu dar brecha
e apontar meu futuro:
um tiro no escuro,
um alvo desfocado.

De que adianta tudo isto
se tudo que eu sempre quis
esteve tao perto da minha mao direita
que o seu calor me fazia suar;
tao frio que sentia nao so o tremor
mas a dormencia em meu corpo todo,
e tudo nao passou
de uma vontade de deixar tudo para o futuro
que o futuro se resolva
- e que se exploda, se for preciso -,
mas que nada me permita
perder este sentimento de culpa
que vem toda noite
se deitar ao meu lado,
ouvir meu ronco
e debochar dos meus sonhos.

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