sábado, 12 de fevereiro de 2011

Verônica

Fui pago, não nego,
fui pego, mas fujo.
Juro que jamais a conheci,
foi lance de sorte
ter te encontrado até,
apesar de um pouco de azar
nessa situação toda.

Tentei escrever todo amor
que a simplicidade pode conceber,
mas nem isso consegui,
não sou simples assim, queria ser mais humilde.
Rebusquei demais, falei demasiado.

Busquei você na minha mente,
mais do que imagina,
dei vida, dei forma, dei poema.
Até daria a alma, mas foi vendida.
O que se vende não pode mais se dar.
Mas vendi você,
e acho que vendi caro até.
Não pagaria tanto
por tão pouca imaginação.

Até escrevi prosa em verso
e matei a gramática.
Matei Drummond, matei Baudelaire,
matei muita gente, e gente grande,
gente boa.

Me pediram e eu fiz
um poema para uma tal de Verônica,
Verônica dos lábios de pimenta
e de peitos de sedução,
de coração de ouro,
de cabeça firme,
de olhos que me davam a segurança
de um dique, a segurar tudo atrás de si.
Me pediram, foi isso.
Me pagaram, confesso.

Juro que sempre a amei,
mas jamais foi você mais
do que minha imaginação adubada
e um cachê barato
que gastei com whisky
a fim de criá-la.

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