sábado, 10 de novembro de 2007

Eis a questão

A grande diferença entre ser e viver
é que quem vive
ouve e apartir daí,
constrói alguma imaginação,
boa, ruim, mas constrói,
muda algo em seu ser;
vê, e cria uma imagem,
diferente da que ele viu,
e novamente algo modifica o seu ser.

Ser passa apenas pelo simples fato
de existir,
de estar presente no presente,
sem um porquê,
sem acreditar ou desacreditar;
viver inclui o conceito de poder ser ou não ser
de poder ou não, ter ou não ter.

Quem, por um momento,
prova dessa inébria experiência,
ébria vivência,
esquece toda a sobriedade de apenas ser,
sente em tudo a experiência do novo,
de criar sem necessariamente fazer,
é capaz não só da sua própria existência
como também absorver os que estão à sua volta
dar-lhes um pouco de escolha, de vida.

Viver é sentir a perda
de qualquer coisa que já fê-lo sentir,
sentir-se mal toda vez que torna-se frio,
sentir não sentir.
Viver é qualquer coisa de incerto,
qualquer coisa que pode morrer,
mas que se aceita como mais do que isso,
que vai além do apenas transigente,
que tem algo de existencial,
substancial.
Viver é o que já disse Gonzaguinha,
Vinícius de Moraes, Saramago,
todos os grandes poetas;
Viver é não ter vergonha de ser feliz,
é ir sem ter medo de sofrer,
é ir para não ser doutor do que não se viu.

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