segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Jeito de Falar

As palavras foram penetrantes. Não fazia ele o seu tipo usual, mas de repente, pareceu a ela extremamente sensual. Tudo por que soube dizer as palavras corretas, naquele exato momento, com aquele exato tom. E o jeito como movia os lábios, assumiam um caráter mais carnal como o de costume. Toda a paixão entrou pelos ouvidos, e com ela todos os desejos. E tudo se transformou num calor que subia por meio das pernas, e um arrepio como que a acariciando os seios, chegava numa forma de falta de ar pelo pescoço, que, por sua vez, esperava um toque úmido de lábios. Ah, mas também foi aquele olhar de quem via sem olhar, ou de quem olhava sem ver, que trespassava qualquer carne e osso - principalmente a carne. O movimento dos olhos era como um tango, e tinha o calor do tango. Tinha a sensualidade do tango, mas com um leve tom de valsa, gracioso. E aquilo fazia-a subir pelas paredes. Já se colocaria despida ali, sensualmente, abriria um sorriso discreto, se aproximaria até o ponto em que ambos pudessem sentir a falta de respiração, a entonação falsa das vozes cobertas pela libido, mas no fundo sabia que não era isso. Aquela vontade passaria em alguns minutos - o quanto durasse o orgasmo. No fundo sentia que essa vontade era superficial. Preferia os pensamentos vazios e profundos aos desejos frívolos e profanos. Ele, do outro lado, nem sabia o que se passava, e o que tinha perdido. Seria a melhor de todas suas noites, mas agora não fazia mais diferença. Era um passado que nem chegou a ser cogitado como futuro.

2 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

Acho que esse, mais que qualquer outro, vai pra galeria dos textos meus, de pensamentos meus, escritos por você.
Forte abraço, mano
Não pa(á)ra!

Danilo Brito Steckelberg disse...

Pior que eu achei mesmo parecido com o seu jeito de escrever hehehe.

Abraços, meu velho!