quinta-feira, 6 de maio de 2010

Noite

As linhas continuam
a me confundir
sou algum idiota,
sou algum lunático
que tenta não cair?

E se eu simplesmente
quiser fazer
de todos os bancos
minha casa,
minha cama,
minha noite,
escolher algum lugar escuro
para ver as estrelas.
E o que elas são
não me importo.

Só quero vê-las
não sei por quê.
Gosto da lua
e da cor da noite
e da escuridão.

Toda solidão será castigada
ainda que a noite
seja negligenciada
pois tal momento
não passa de sentir-se só.

Irriquieto de espírito,
de fonte turbulenta
e de águas amargas
vou me constituindo
de dificuldades
que vou acertando.

O meu veneno
não me faz nada.
Minha apatia
me faz ver todo o mundo.
Minha transpiração
me faz sóbrio.

E deitado,
descuidado e cansado,
olhando o nada
e não desejando
nada mais do que aquele
pouco oxigênio
e a falta do frio ali presente
sei que poucas coisas
me fariam mais completo.
Sou o que a noite pode me dar.
Posso ser sexo e confidências,
posso ser sono e sonho.
Mas posso ser
um porre e a ressaca premeditada.
Sou imediato e muito pouco,
sou apenas doze horas,
sou um gole,
sou beijo, sou escarro
e sou vômito.
Tudo diz muito
e tudo faz parte
da vida e da noite.

É tudo que quero ser:
noite!

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