sábado, 8 de dezembro de 2007

Diálogo dos nomes

-Bom dia! Olhe como o dia está lindo...
-Bom dia... nossa, realmente. Que horas são?
-Que outra hora do dia o sol pintaria de um dourado tão bonito as nuvens? São 6:30.
-Tanta poesia para responder as horas?
-A poesia em tudo se deita. Por que não nas horas? Ainda mais com você ao meu lado...
-Acho que alguém vai acabar ganhando um prêmio especial hoje.
-Mais um?
-Se continuar assim...
-Então gosta da minha poesia?
-E não era para gostar?
-Se achar boa, fique à vontade. Vou fazer um café. Acho que tem pão-de-queijo para aquecer.
-Vamos descer então.
-Só uma pergunta antes de descermos, posso?
-Fique a vontade.
-Qual seu nome?
-Anna Lúcia. O seu, se me lembro, Marcelo. Me enganei?
-Sim.
-É Marcelo ou me enganei?
-É, se enganou. Sou Ricardo.
-Acabou a poesia?
-Sim. Acho não devia ter perguntado seu nome. Era mais interessante o mistério.

Silêncio. Ficam um bom tempo sem falar uma palavra sequer. A Voz de Ricardo quebra o jejum das ondas sonoras no quarto:
-Ainda mereço o prêmio?
-Não sei. Não tenho mais fome. Acho que vou embora.
-Tchau então. Te vejo outra hora?
-Só se esquecer meu nome. Adeus.
-Adeus. Foi muito boa a noite.
-Sim, sim.

Muitos anos depois:
-Oi. Lembra de mim?
-Sim, mas fugiu-me seu nome.
-Ainda bem. Vamos para minha casa?
-Adoraria. Ainda lhe devo o prêmio.

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