sábado, 11 de julho de 2009

Rascunho

Rascunho.
Rasgado e jogado.
Num cantinho ali,
daquela pequenina sala,
ele permanece.
À espera de ser
um grande texto.

Jamais será.
É um rascunho
rasgado e jogado.
Longe dos olhares
sedentos de leitores.
Julgado e subjugado
pelo gosto incrédulo
de seu feitor.

E aquela menina
que tão pouco leu,
que tão pouco sabe,
não poderá mais se emocionar
com suas palavras simples
de rascunho,
de incompleto,
pois jamais será
mais do que um simples
papel amassado.

Tão pobre de conteúdo,
tão pouco a dizer
-é apenas um rascunho -
mas alguém haveria de lê-lo,
e talvez daria uma boa história.
Ou não.

Afinal, é isso que os rascunhos são:
incompletos,
para que possamos contemplar
todas as infinitas histórias
que podem vir a ser.

Um comentário:

Murilo Priê disse...

Grande Teckão!
prazer ler as suas coisas, e que você leia as minhas...
os textos que aparecem são a cópia da cópia da cópia, afinal. Platão disse assim das obras de arte, que seriam cópia da realidade física que seria cópia da realidade imutável e ideal. Os textos que aparecem são cópias dos rascunhos que são cópias de nossos devaneios, que são no fundo o que conta. Afinal, há a qualidade estética, mas é preciso acreditar no que escrevemos, se é que o fazemos com sinceridade. Os rascunhos podem não merecer a publicação por estética, mas são o grosso da expressão escrita.
Abraços man, continuemos!