sábado, 4 de julho de 2009

Turbilhões, bilhões

Eu queria era saber o que dizer.
Acordo todo dia
dizendo muito de mim
por não ter mais o que dizer.
E fico aí dizendo
asneiras sobre o mundo,
sobre minha vida,
guardando nas entrelinhas
tudo que eu acho certo
sobre mim mesmo.

Eu queria era não precisar de nada.
Nem de amor.
Pois aí, eu teria o mais puro dos sentimentos.
Poderia amar por amar,
simples assim.
Amaria por me fazer bem.
E não pelo vício vítreo
polidamente cravado nas pessoas.

Eu queria só viver, mesmo.
Acordar todo dia
não com algum propósito,
só acordar,
com o simples propósito
de acordar.
Depois pensar no que fazer.

Eu queria toda a simplicidade
da simplicidade,
sem complicações burocráticas
e autocráticas;
só ser,
e dali tirar tudo
necessário à minha
vivência e sobrevivência.

Como é bom ter tempo
para pensar,
mesmo que eu o esteja
desperdiçando tanto,
é bom parar,
pensar na vida simples,
que já não há,
não vejo para mim,
é agora a maré alta,
a tempestade
que deixou a bonança para trás.

2 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

férias me ajudam nesse sentido.

Belo texto! Fico intrigado por vezes como um engenheiro pode escrever coisas tao bunitas. Seu puto!

Não p(á)ara!

Maurício Campos Mena disse...

me lembrei de Caeiro. Que é o maior poeta de todos os tempos. Depois te explico o porquê.