terça-feira, 6 de outubro de 2009

Combinações

É tudo uma questão de escolha de parâmetros. Os dizeres podem ser de dois tipos, e não mais do que isso: os bem ditos e os mal ditos. Assim, separados mesmo. As palavras são limitadas, mesmo que se reproduzem e se recriem muito, são limitadas. Basta dizer corretamente. Assim são feitos advogados, vendedores, compradores, poetas, corretores, juízes, políticos, politiqueiros, golpistas, cafagestes, malandros, sambistas, gente de toda classe de pessoas.
Se a maior arte de um escritor é saber dizer tudo aquilo que está estampado, roçando narizes e acariciando as vistas encataratadas e que não se enxerga, ou então fazê-lo de um jeito todo novo, basta que se escolha a combinação certa de palavras. Mas talvez isto seja como as notas de um piano. São só 88, mas já saíram de seus ventres filhos nobres como Chopin, Beethoven, Mozart e mais alguns muitos outros gênios, com combinações de teclas e notas das mais diversas. Também por isso muitos se passam incompreendidos, já que inovam tanto que mal o mundo os consegue enxergar.
E eu, que muitas vezes já maldisse as palavras, agora as elogio. Sabem muito bem se esconder quando mais as queremos. Isso é de certa forma um charme. Não é sempre que estão disponíveis. Se fazem de difícil e às vezes nos fazem dizê-las nas horas mais inoporutnas, como aqueles "obrigado" que nos saem à toa. Sim, eu as maldisse pois as acho falhas. Mas tudo bem, são o que temos, e servem para quase todos os casos. Mas se queres saber de sentimentos, perguntes tu aos olhos. No fundo eu as amo (as palavras), mas que tipo de homem seria eu se também não me fizesse de difícil? Não é todo dia que estou para escrita!

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