segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Escuro Astro Próximo


Não, não pode ser tão simples assim.
Não são só notas,
tampouco são só letras.

Claro, há as notas.
Mas não são cruas assim.
São penetrantes,
talvez vivas,
com instintos e tudo o mais
que só a vida pode fornecer
(e de graça!).

Há letras, também.
Às vezes,
como uma linda mulher
nos despindo
sensualmente,
pronta para amar.
Às vezes, é uma angústia
sem fim,
algo como a morte
decidindo nossa vida
no cara-ou-coroa.

Às vezes, é como
se fosse nossa voz
querendo gritar absurdos
absurdamente.
Arduamente, dolorosamente,
incessantemente e incansavelmente.
É uma lança que nos trespassa,
é dinheiro e é loucura,
são tormentos.

Tormentos talhados
e esculpidos
e que vamos nos adaptando a eles,
brandamente nos acostumando,
até esquecer dessa dor fisgante.
São dúvidas existenciais,
pessoais e até mesmo capitalistas.

Mas também não se limita a isso,
é imortal.
(É música!)
Sua sonoridade
é sempre a mesma,
embora aqui
nós é quem somos rios
e seremos diferentes
a cada vez que se ouve.

Alguém mais aqui
sente como eu sinto?

Cada pulso
em seu justo cronômetro,
em seu justo metrônomo,
entrando no tempo tão certo;
a precisão de astronautas.

É como a luz,
que sai branca,
mas se divide
em infinitas cores,
e nem se misturam,
tamanha precisão
de seus mínimos
comprimentos de onda.

Esta luz de tantas cores
percebidas por olhos atentos
(entorpecidos ou não)
com tantos significados
que podem até
se confundir com música,
mas é só mais uma das sensações.

O mais incrível
é que tantas cores
tantas facetas,
personagens completamente
esféricos,
mas somos, aqui,
sempre comparados
com o lado escuro da lua.

Um comentário:

thiagobs disse...

Mto bom kra, a temática totalmente a ver (tipo o texto e a imagem. Agora pode-se dizer seguramente que vc usou uma linguagem floydiana para se expressar aí hehe
Abraço meu velho continue com seu estilo fusão de Waters-Orwell-Drummond que eu acho mto doido