segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Mundo Novo

Pense no que aconteceria
se você acordasse,
e não lhe viessem as idéias.

Pense no que aconteceria
se o mundo resolvesse
que você seria o modelo,
tudo seria à sua imagem
e semelhança.

Pense no que aconteceria
se os violões se recusassem
a nos agradar,
e os computadores a nos responder.

Pense o que seria do mundo
se não fossem as mulheres
a nos amar e nos aborrecer,
a nos perdoar, a nos deixar
com saudades delas,
a nos perder e a nos ganhar.

Pense como seria
se em todo lugar
tudo fosse meticulosamente
colocado,
encaixado,
como se fosse feito para
aquela função e posição,
e nada mais.

Pense o que aconteceria
se todo o mundo
simplesmente
parasse de girar,
se recusasse a acabar
esse dia, que foi o mais
maravilhoso de todos.

Pense como seria
se esse dia fosse,
em verdade,
o mais odioso
de todos.

Penso como seria
se todos me fossem diferente,
de modo
que em nenhum lugar
eu me encontraria,
eu nunca teria alguém
com quem concordar.

Penso também
como seria
se o meu pensamento
fosse a ditadura terrestre,
o sub-jugamento da morte,
a farinha na comida nordestina.

Penso, mais ainda,
no meio termo,
que é onde tento
me encaixar.
Por que neste mundo,
nem somos todos,
nem somo únicos
(em tudo),
somos parte
de um todo
divergente,
mas não em tudo.
Convergente,
mas não em tudo.

Pense como seria
se simplesmente,
não se pudesse dizer mais
nenhuma palavra.

Os jestos nos seriam caros.
As mãos nos dominariam.
Os pés, destronariam o peito.
Viveríamos mais de sexo?
Seríamos diferentes?
Ou nos adaptaríamos?

Penso que somos tão complexos,
mas aí está a psicanálise
a nos desvendar
e a me contradizer.
Sou traçado cuidadosamente
por minhas vivências.
Não sou aleatório.

Por fim, pense:
como será o nosso mundo,
se nem sabemos
o que queremos
para amanhã?
Se nossas utopias
foram vendidas,
e nossos ideais
não passam de idéias
tão antigas
quanto as músicas que ouço!

Um comentário:

thiagobs disse...

Mano (de fato)...q doidera cara, achei uma mistura da criativismo engenhoso do George Orwell, uma pitada do tema usual das letras do Roger Waters e um pouco do pessimismo solitário do Carlos Drummond...é minha mania de ficar analisando as influencias repara não rss...Muito bom, curti demais, saudade docê broder
Grande Abraço