quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Paratodos

Para todos vocês
que tomam café da manhã
com Deus,
e também com os que
se deliciam com as desvirtudes
do Capeta
(e que eu não deveria dizer o nome);
e que se encantam com as flores no asfalto,
e que engolem verdades
que talvez sejam falsas;
e que calçam as sandálias da moda,
e também vocês
que usam drogas para se esquecerem
de vocês mesmos,
e vocês, que apontam os dedos;
e os que compram, e não têm dinheiro,
e os que têm dinheiro, e não compram,
e também os hermitãos;
os que escolhem não ser parte;
os que assistem televisão,
os que odeiam televisão
e assitem televisão;
os que lisongeiam bandas
que nem sabem do que elas falam,
que escutam música,
e só querem letra,
e os que se esquecem da melodia;
os que não se emputecem,
e os que se preocupam
com algum país desconhecido;
os que têm medo do escuro,
os que não dormem de dia,
e os que não dormem nunca:
estou de saco cheio de vocês.

Porque posso ser tudo que vocês são,
mas odeio em essência
tudo isso que eu posso ser.

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