quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Subversão

E é daquele sorriso fatal
que se faz o pranto.
É daquele beijo
que se fez toda abstinência.

Aquela voz macia
é a que ensurdece,
é daquele rosto
que se faz ternura,
enfim.

Pode então este sorriso
doer assim como um tiro
ou ainda como mil lanças
invadindo carne, osso e pele?

Tanto quanto pode aquele beijo
ser um selo de uma carta em branco
sem nenhum destinatário,
sem nenhuma mensagem?

Tudo que acabamos por fazer parte
é de sentimentos
tão breves quanto os significados
que eles podem carregar.

De nada adianta
achar o grande amor
se ele se nutre apenas
do mundo e se perde nas almas,
pois tem algo mais.

Esse é o algo mais que sofre,
que geme, que treme, que ensurdece,
que padece, que se enrijece,
que amolesse.

Há que se valorizar as coisas
tanto quanto elas valem.
E o sentimento é tudo que temos.
São as armas que podemos usar,
e não há trapaças, tampouco reviravoltas.

É só sentimento, e nada mais.
Que me venham todas as dores,
pois sei que é assim que chegarão a mim
todas as oportunidades
de sentir
todo sentimento
que penso existir.

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