sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sua Poesia

Quero nunca
ser traído pelo que digo
(ou escrevo).
Para isto, basta que não tentem
descobrir o que eu falei,
pois eu sou apenas eu,
na mais profunda das concepções.

O arranjo das palavras, aqui,
não é importante.
O importante é como
entranha-se cada uma
das esquisitices derrubadas
quase por acaso
no chão deste poema.

Para ser lido,
é intrínseco que se seja
incompreendido
(cada óptica é míope).
E agora, como quem passa
o fardo adiante, eu digo:
jamais lerá de mim
o que eu escrevi.

Pronto, isto que se lê
não é mais meu.
É seu para fazer o que quiser.

Só o que eu não quero
é que venham me perguntar:
"foi isto o que você quis dizer?"
Se eu quisesse dizer algo
assim tão específico,
eu diria em prosa.
Ou em artigo científico.
Ou então minha biografia.


Quero ser incompreendido,
só isto.
Quero que todas estas palavras
tenham um significado.
Milhões de significados,
se milhões de pessoas lerem.


Sintam-se à vontade,
a poesia é sua.

2 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

é o mal pós-moderno, mas a sinceridade do eu. Sem referências, só sendo.

Muito massa esse texto. É uma coisa que penso 24h por dia.
abraço, meu bom.

Maurício Campos Mena disse...

Maais! Por onde anda que não frequenta mais aqui?
Vem pra gyn qd?