terça-feira, 16 de março de 2010

É Como me Comovo

Céu, oh céu!
Por que guardaste de mim
todas tuas maravilhas
e quedaste sobre mim
este teu vinho?

Se não fores teu o vinho
então tuas são as uvas,
tão negras como os olhos
de todas as mulheres que amo,
que nele se fermentam.
Se nem vinho e nem uvas forem teus,
então de nada serves
e quero que vais dormir.

Hei de tragar-te, ainda,
para abaixo de meu teto
(eu sei que cabes lá).
Assim posso errar pela minha morada
sabendo-te ali, perto de mim.

Ficarei ali horas a contemplar-te
e a única luz
contra o brilho de tuas
pequenas pérolas suspensas
será o da ponta acesa
de meu cigarro;
e todo o som que nos envolverá
será o de nossas reações
(químicas ou não).

Observar-te-ei por horas
e até mesmo dias
até que nos fundiremos.
Aí sim, darei de presente à Terra
uvas das mais negras
e vinhos dos mais secos!

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