segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Arte de Libertar-se

Ultimamente publico tudo que escrevo. Foda-se se não é bom. Foda-se se eu não gostei. Quem sou eu para reprimir-me? Tenho de concordar com Voltaire: "posso não concordar com uma palavra que dizes, mas defenderei até a morte o direito que tens de dizê-las". Mas nunca pensei que devesse aplicá-las à minha pessoa. Não quero jamais saber de publicidade. Não quero jamais saber quem gosta ou não do que escrevo. Não quero jamais ser lembrado pelo que escrevo, senão construirão uma imagem totalmente deturpada de mim, achando que sou exatamente o que escrevo.
Nada mais quero com tudo isto senão manter um registro muito mais do que sentimental sobre como tem sido minha vida enquanto escrevo. Por que o homem que escreve não é o mesmo homem que vive, e isto já disse em algum lugar perdido no espaço-tempo. Ai, se me fosse garantido que todas as palavras me ficassem eternamente na memória, jamais as escreveria pois seu propósito nasceria e morreria ali, dentro de minha biologia, dentro de meu encéfalo. Massa cinzenta, podias dar-me este prazer, além de tantos outros que já me deste.
Aos que me lêem, não tem nada a ver com preconceito contra vós ou algo parecido. É só que eu sou eu. Nada mais. Nada mais vejo de interessante em mim que pudesse ser compartilhado. Sou uma voz que diz coisas que são óbvias e que está em vossos corações (pelo menos o que é realmente relevante). Basta que se proponham a descrevê-las (as coisas óbvias) com palavras. É um exercício árduo, mas nada mais é do que um pouco de treinamento. Faz muito bem, desde que não tornem vós escravos do que dizem. E é tudo isto que eu quis evitar aqui. Finalmente, estou livre.

Um comentário:

Maurício Campos Mena disse...

Fodaço.
Se não gostarem, tudo bem. Se gostarem é melhor, bem melhor, mas é de coração.
Gosta da sua humildade, meu caro. Me convence como suas palavras me convencem. E já que escrevemos sobre coisas parecidas - "Sou uma voz que diz coisas que são óbvias e que está em vossos corações (pelo menos o que é realmente relevante)", e quantas vezes nossos blogs seguem juntos escrevendo sobre coisas parecidas! - e me convalesço dos seus dizeres, vem aí no meu blog um texto que estou preparando há alguns dias. Logo, logo.

Não se preocupe com os leitores, nção há como dar ponto sem nódoa.
Mano, não muda. E não pá(a)ra.