quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Meu Desejo

Não quero do teu sexo sujo,
tampouco quero do teu sincero amor.
Nem mesmo o toque macio de teus lábios quero.
E também não quero as tuas carícias;
suas mãos levemente encostadas em minha pele
acariciando meu corpo: não quero.

Quero olhar para sempre teus olhos
que são cor de não-sei-quê,
provavelmente nunca antes vista.
É em teus olhos que sinto meu orgasmo,
que sinto refletido o meu amor por ti,
e tremo diante da idéia de beijar-te
pois sei que meus olhos fecharão
e não mais poderei contemplar os teus.
Não quero teu beijo.
Olhos que não sei se são mares ou se são céus.
Tragam devastadoramente como os mares;
nos levam a vasculhar o infinito como os céus.
E ainda guardam dentro de si infinitas estrelas
que trazem o brilho de teus olhos tão tenros
que inspirou-me a ponto de vazarem-me
pelos meus olhos as palavras que aqui digo.

5 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

Foda.


Cara, que saudade tava dos seus textos. Voltei ao mundo virtual.

Quem é a digníssima.

Forte abraço! Não p(á)ara!

disse...

"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. (...) Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha cresecendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e trgar-me." (Dom Casmurro, Machado de Assis) linda a imagem de não querer fechar os olhos, renegar o beijo pelos olhos dela.

Danilo Brito Steckelberg disse...

Não posso dizer que bebi um pouco de Machado. Já li Dom Casmurro e sei que fazia comparação semelhante (embora muito melhor em conteúdo). No entanto, acho que talvez um pouco eu tenha acrescentado ao que eu por vezes senti em situações assim (que foram poucas, dado a complexidade do sentimento).

Valeu Machado, e também às mulheres!

Danilo Brito Steckelberg disse...

*não posso dizer que NÃO bebi - correção!

Anônimo disse...

Belissimo poema meu caro!

O homem que nunca se perdeu num olhar ou no sorriso de nenhuma pequena ainda não é homem, e sim um mero garoto.