segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Às Artes (duas delas, pelo menos!)

A mim, o mundo concede os sentidos.
A pele: calor, frio, contato e não-contato.
Os olhos: vejo, apenas, e deixo de ver.
Os ouvidos: ouço, não-ouço, e zumbidos;
O nariz: cheira, não-cheira, nauseabunda-me.
A boca: mastiga, engole, traga, rejeita.

Por quê não burguês e não playboy?
Porque me importo com cinema,
me importo com o teatro
e me julgo um pouco intelectual.
E crítico, já que crítico sou
se nada disso lhe preocupa.

A mim, foi-me concedida a sensibilidade.
De meu ponto de vista,
a falta é o único excesso que os outros têm.
Não é bem assim, já sei de antemão.
Sou moleque mimado,
e acho que por algum motivo
o que não tenho (mas que pareço ter)
é muito mais que o que os outros têm
(não me importam se parecem
ou se simplesmente têm)!

Música clássica.
Dvorak, Mozart, Beethoven,
Schubert, Schumann, Bach,
Vivaldi, Chopin, Brahms,
(e muitos outros),
trato-os como se soubesse
o que disseram em suas alvas notas.

Cinema.
Fellinni, Godard, Truffaut,
Antonioni, De Sica, Murnau,
Herzog, Capra, Hitchcock, Chaplin,
(e muitos outros),
perdoem-me por não saber
qual o propósito de cada detalhe.
Sou apenas humano.
Não sou imortal.
Como vocês.
Espero guardar-me
na sensatez e humildade
de ser apenas mais um
sem qualquer sonho
megalomaníoco
para alguém
que sempre será
nada mais do que corja!

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