segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Até Onde a Poesia Alcança

Da cerveja que embriaga-me, nada tenho.
Do cigarro que me polui, deixei-o apagado.
Dos sentimentos que tive, esvaziei-os.
Sou só eu agora, existindo e nada mais.
Embriagado e de certa forma poluído.

Peço emprestado  os poemas de Drummond,
e a sagacidade daquela Pessoa - que não possuo.
O que sou? Acabo por não ser nada,
se um dia uns como estes foram. Sou nada.

Posso ouvir na escuridão da luz apagada
o queimar das cinzas de onde quer que venham (meu cigarro)
o queimar de minhas células, quaisquer sejam as causas (meu álcool).

Os meus livros de poesia (que leio) são dicionários
que me dizem corretamente como escrever.
Mas meus mestres por vezes hesitavam.
Eu não mais hesito (pelo menos por enquanto)
pois se já não sou nada, que mais poderia ser?
Um livro fechado, uma capa feia, no máximo.

Nada mais poderei ser, pois não quero ser.
E mesmo que quisesse não sofri bastante para ser.
Sou apenas deslumbrado, um ninguém que gosta
do que se poderia ser; das vidas que levam os fortes.

O que eu quero dizer já está claro
em notas já compostas ou em livros já publicados,
jamais serei novidade, e pouco me importa.
Quero ser poeta, não importa a magnitude que isto tenha.

Nenhum comentário: