terça-feira, 15 de junho de 2010

Juntos

Acordaremos sem saber
o que dizer, e assim,
seguiremos dizendo
sem saber o que queremos.

Andaremos sem saber
aonde queremos chegar
e esta aflição estará
a nos acompanhar
por toda esta longa estrada.

Olharemos uns nos olhos
dos outros sem saber
o que dizem, o que sentem, o que são.

Evitaremos tudo o que
sabemos nos magoar
mesmo sabendo
que pode ser o nosso melhor.
Mesmo que possa ser nossa
salvação,
nossa inspiração,
nossa vontade de querer mais.

E, lado a lado,
nos chamaremos de irmãos,
seremos um só
até que algum desejo nos separe.
E, separados,
seguiremos felizes para sempre.

Dormiremos na mesma cama,
compartilharemos sonhos,
teremos filhos,
acordaremos no meio da noite
e planejaremos viagens juntos
mas sem nunca saber
de nosso rancor contido,
de nossa fé desmantelada,
de nosso amor profundo,
de nosso ciúme contido,
de nosso carinho doentio,
de nossos desejos íntimos,
de nossas almas guardadas.


Velhos, andaremos juntos,
nos perguntaremos perguntas
velhas e contidas,
descobriremos respostas amargas
e respostas límpidas,
respostas de vida
e que jamais seriam escritas
nestes poemas
de amor e de ódio.
Simplesmente respostas
das coisas que acontecem
dia após dia,
ano após ano,
datas que consagramos nossas
e que enchemos de demasiados significados
e nos permitindo esquecer
quando foi que realmente
começamos a nos amar.

Um comentário:

Carolina D. R. disse...

O começo da última estrofe não está longe para você...
Hahaha
Gostei muito.