sexta-feira, 18 de junho de 2010

Vida e Morte

Viver:
Estar sempre sobre a tênue linha
entre sentir-se só e estar só.
Acordar e sentir algum braço ao seu lado,
alguma mão que o procura pelo faro do tato.
Dividir pequenos espaços
e juntar miudezas de coisas grandes
para guardar em algum lugar entulhado
que nunca cabe mais que o desnecessário.
Acariciar suas vontades e provocá-las;
encurralar virtudes, guardar potes de cinzas memoráveis
e desperdiçar idéias irrecuperáveis.

Não-viver:
Esquecer-se de abrir os olhos
e de sentir o chão a seus pés.
Aprender a voar sem poder chegar perto do céu.
Deixar morrer as necessidades
e putrefazer os desejos.
Equilibrar-se numa corda sem risco de queda.
Cair de pé, não se machucar e não contar cicatrizes.
Ser pedra e jamais um tronco no rio.
Ser frio e jamais ser neve.
Ser santo e jamais ser puro.
Ser álcool e jamais bebida.

Morrer:
nada disto.

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