domingo, 20 de junho de 2010

Libido

-Se de alguma forma pudesse compreender que quero teu sexo, e nada mais, e que isto, apenas, me faria feliz, eu o faria com todo meu esforço. E daria também o melhor de mim, tentaria ser inesquecível.
-Se soubesse como eu desejo suas mãos me acariciando os seios, me descobrindo e me lendo, seus lábios escorregando lugares que eu nem ligava a arrepios, como me fariam trêmulas suas pernas procurando um lugar entre as minhas, viria agora como um leão, como um tigre, como um urso procurar o que posso oferecer de mim.
-Este seu olhar que parece um misto de querer dormir para sonhar ou de acordar para viver me consome de um jeito que me sinto combustível, inflamável, me sinto uma matéria irreal a se transformar em qualquer coisa irracional em busca de algo que não seja mais que o próprio prazer, que a própria vontade de viver agora sem nem saber quando o mundo vai acabar - e que se dane, que acabe agora mesmo!
-Se nem este olhar traidor foi capaz de convencer das minhas reais intenções fico aqui desprotegida e desarmada, à espera de que alguma maré me leve ou traga algo diferente, como um raio de sol que contenha felicidade além deste corpo que há de ser pó e desalmado. Este amor louco que não conseguiu vazar de minhas mãos para tocar as suas, tocar seus olhos, sua boca e seu sexo tão tolo quanto um pudor inexplicável não foi forte o suficiente?

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-Se ao menos tivesse a coragem de dizer tudo isto, se ao menos o medo de que os próximos segundos fosse menor que a vontade de fazer destes melhores segundos sei que isto de certa forma me faria mais dono de mim, desprogramado e despreocupado. Pena que  tudo não passa de algo que imaginei.
-Se tivesse me dito tudo que parece ter pensado com certeza tudo seria diferente. Este seu sonho tem mais de verdade que qualquer brincadeira que se brinque. E de certo que eu aceitaria. Mas fica você aí pensando demais e passa da hora. Passa do dia. Não é mais quando deveria ser e as coisas começam a acabar, infelizmente o tempo não espera que o tempo seja certo. Não que tenha agido errado. É só que o certo não está escrito em nada, e de certo que não existe. Mas que as intenções eram reais e recíprocas, aposte que eram.

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