quarta-feira, 16 de setembro de 2009

É o tempo

E quando achamos que não há mais nada neste futuro tão próximo, acontece algo. Nos sentimos impotentes e em geral realmente não podemos fazer nada. Somos mesmo donos de nossas ações? Não me entendam mal, acredito piamente no livre-arbítrio. Nada de determinismos. Mas é que às vezes parece que sempre que queremos algo, tudo sai ao contrário. Por que não tentamos fazer tudo diferente do que queremos, que talvez dê enfim certo.
Ai, se não é o cansaço a me fazer pensar novamente! Não há o que se fazer quando não há de se fazer nada, mas sempre nos sentimos como que devendo algo a todo o tempo. E procuramos o que fazer nas vagas horas em que o tempo se ocupa em preguiçar. Hoje o dia tinha prosa no ar, não pude evitar falar essas coisas. É assim mesmo, o tempo é preguiçoso. Deixa tudo - igual ironia não se há de achar - para última hora. E aí corre quando não deve. A passos largos, ele anda tão apressadamente quanto uma lesma corre do sol para a sombra que lhe evita secar.
É aqui que abandono o sono e deixo as luzes acesas. Por que é de noite que as músicas urbanas e barulhentas vêm dançar e nos assustar com suas sombras assombrosas. Se parecer-lhe um tanto psicodélico, é que me escapa esse lado involuntariamente. Acho que Alice deu-me banhos inteiros de lisergia. O que tem tudo isso relacionado com o começo deste dedo de prosa? Existe algo mais lisérgico que o tempo? É assim: o futuro acontece a todo momento em que o presente deixa-se tardio e se reconhece passado - o que em geral acontece entre os menores intervalos de tempo (que se pode medir). O presente é tão pequeno que nem deve ser considerado como um tempo. Tudo que se pensa ou é passado ou é futuro, e não há como não ser. Quando pensamos em algo do presente, já foi o tempo. No entanto, é sempre o que se vive. Vive-se neste intervalo tão pequeno que logo deixa de existir, mas é só o que realmente existe - é sempre presente!
Vá lá entender... uma boa conversa sobre nada faz-se necessária. Tanta filosofia barata em tão poucas linhas é algum sinal de um sonho no mínimo diferente, mesmo que se venha a dormir tão poucas horas. Por que quando dormimos, com certeza o tempo se atrapalha todo e nunca se dorme o suficiente. Mesmo quando se acorda atrasado.

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