quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Hora de se Dormir

Eu gostaria de ter todas as idéias que tenho em meus sonhos, ou mesmo as que tenho quando estou simplesmente deitado. Surgem idéias de todos os níveis, tão boas como as que nunca mais escreverei. Mas estou tão cansado para me levantar e escrever, ou então amanhã tenho que me levantar tão cedo... Sei que talvez eu fosse até um bom escritor se pudesse eu recordar-me tudo que tive de idéias.
Mas aí vem um outro dia, tenho que pensar em mil coisas, e deixo um de meus amores para a noite mais densa, para a hora mais alta, onde a escuridão é trajada de uma inspiração imaculada, tal qual a que se teria após uma jornada de um mês no lado escuro da lua. É aí que tenho os sonhos mais interessantes (talvez). Queria eu ter a força de vontade de Dalí, que pintava os sonhos mais surreais (com o perdão de algum trocadilho que possa vir a surgir) ao deixar-se despertar de um sonho. Queria eu, em verdade, me dotar de grandes idéias, mas tudo que consigo são palavras falsas e promessas do que jamais vou vir a ser.
O estranho é que ainda me fascino pelo fato de acordar. É como se me sentir vivo trouxesse aos meus sonhos mais intrínsecos e profundos um novo caráter, adquirido aos poucos dentre os míseros intervalos entre os segundos. Por que tenho absoluta certeza de que não sou hoje o que fui a um ano atrás. Se sou melhor ou pior, não me basta que eu me julgue, pois será este um julgamento sempre deturpado. Mas o fato de sonhar e acordar me faz querer dormir uma outra noite, a fim de me descobrir em algum sonho, e o fato de eu acordar, me faz realmente me redescobrir, me faz olhar com outros olhos o simples fato de que no dia que desistimos de acordar é o dia que morremos.
Talvez seja isso a morte: um sonho tão bom de se sonhar que nos esquecemos de acordar. É também uma boa perspectiva para um pós-vida, para alguém tão pouco religioso que sou.

4 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

http://transpiratorio.blogspot.com/2009/07/para-enganar-o-sono.html

Maurício Campos Mena disse...

Muito bonito isso, cara. Quem sabe assim possamos encarar melhor a morte. Tinha lido esse texto antes e não havia dado a atenção certa.
O link aí em baixo é pq eu lembrei de algumas coisas do meu post (principalmente qd fala de Dalí).
São poucas as vezes na vida, digo isso na minha, em que achamos ilusões tão poéticas que possam ser executadas.

Lembrei da cachorra Baleia morrendo num paraíso cheio de preás apetitosos.

Forte abraço, mano.
Não p(á)ara!

Danilo Brito Steckelberg disse...

Pior que foi me lembrando de lá mesmo que falei do Dalí. Extremamente genial, eu diria. Tenho idéias tão boas naquele intervalo que se está dormindo e ligeiramente acordado...

Danilo Brito Steckelberg disse...

Pelo menos me parecem boas quando não consigo mais me lembrar delas...