terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tudo o que achei

Já achei que ninguém gostasse mais de carros do que eu,
ou de música.
Já achei que amava mais que todos,
as mulheres.
Achei que as admirava demais,
que todas tinham alguma beleza.
Já achei que seria presidente
para acabar com a pobreza e o preconceito.
Já achei que o Brasil devia pegar em armas.
Civis e militares.
Já achei que era eu
o que mais curtia a vida.
Apreciava-a em cada pedaço,
cada pequena dimensão
e transformava tudo que podia
em felicidade.

Já achei que eu era o mais errado de todos.
Já quis me expor para o mundo todo,
e já quis me esconder.
Já achei que jamais me afastaria
de qualquer amigo
Já achei que nada melhor
que "The Dark Side of the Moon" seria produzido
(e ainda estou esperando)
Já achei que tinha amadurecido.
Já achei que tinha amadurecido o suficiente.

Já achei que acharia tudo que perdi.
Já achei que perderia tudo de novo.
Já achei que amava para sempre.
Já achei que achei o grande amor.
Já achei que seria grande poeta.
Já achei que eu era um tolo.

Já pedi para chover,
mas chover de mansinho.
Já pedi para abrir todas as gaiolas do mundo.
Já achei que me doía mais
as dores do mundo
do que as minhas próprias.
E me enganei.
Às vezes não suporto as minhas.
Às vezes sou mais forte
que um touro.
Às vezes minhas lágrimas
me furam as mãos.
Às vezes minhas mãos enxugam as lágrimas.
Às vezes minhas mãos me furam os olhos.

Já achei que as verdades eram absolutas.
Já achei que poderiam deixar de ser.

Ah, quantas ilusões.
Mas não, não digo isso com nenhuma tristeza.
Se eram absolutas estas verdades,
eram. Pronto!
Se deixaram de ser, paciência.
Eram as armas que eu podia lutar,
era tudo que eu tinha disponível.
Eram as regras do jogo,
e joguei
(já falei sobre elas).
O mais importante, ainda tenho comigo.
Ainda vivo, durmo, aprendo.
Se quer saber,
"a vida só se dá
para quem se deu".
Eu quero é viver.
E ver depois
que hoje eu estava iludido.
E que isto seja o meu futuro:
sempre algo que tenha feito
o meu passado valer a pena.

2 comentários:

Maurício Campos Mena disse...

Caralho, uma das melhores coisas que já li de você. E sim, não ache, você é um grande poeta. Ao menos para mim.

Danilo Brito Steckelberg disse...

O melhor é que tudo que a gente diz parece que foi numa conversa de amigos como as que temos juntos ao som de alguma boa música e algum bom álcool. Hehehe

Saudade daqueles papos que duram até o sol raiar!