segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Aqui Tem Samba

Samba.
Samba de amor
e samba de dor.

Samba de protesto,
samba de esquecimento,
de escola,
samba no pé.

Samba que nos faz sentir
dentro d'alma
como que mil alfinetes
que queremos expelir
por todo o corpo.

Samba que tem cavaco,
pandeiro e violão.
Violão de cordas de aço,
e que minúsculo braço!
Samba que tem guitarra.

Samba e suas mulatas,
suas luas, suas noites infinitas,
seu tempo anacrônico,
seu tempo rápido,
latente, forte, seguro,
fortíssimo, sentido,
seu andamento, sua cadência,
sua linda cadência.

Samba de quem não dança,
que não tem o jingado,
mas que sente
cada palavra rezada
em feitio de oração,
cada tristeza,
cada vez que se mata a sede
com as lágrimas cruéis.

Ah, samba, samba.
Suas palavras são mais fortes
do que qualquer outras que podem ser ditas.
São mais do que podem ser.
Um bom samba, apenas,
e nada mais merece ser dito.
Nada mais deve não se calar.

Sambar, sambemos.
Zambá, zambé, zambí, zambó, zambú.
Bamba, que tristeza não paga conta.
Vila, Portela, Mangueira, Estácio, Salgueiro,
e todas as outras,
obrigado.
Vou com sorriso pelo caminho,
por que minha dor
já foi as lágrimas de vocês!

Afinal, quem sou eu
e quem somos nós?
A comédia hoje
não é da arte,
não tem Arlequim nem Pierrot;
em carnaval samba é privilégio.
Longe de mim esse sentimento
de que tudo de hoje é errado,
só queria mesmo era deixar um pedido
(que vejo se concretizando, felizmente):
não deixem o samba morrer!

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