sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O que eu enxergo não me diz!

Eu queria enxergar por estes olhos,
olhos que não são meus
e que vêem muito mais do qu eu.

Olhos que não ficam na cara,
olhos que não se grudam,
que não são maiores
que nenhuma barriga.

Apenas olhos, olhos que vêem.
Olhos que assistem e entendem,
olhos que são capazes de ir além das imagens.
Olhos que enxergam e diferenciam
toda visão da observação,
olhos que não são retina,
humor vítreo, córnea ou íris.
Apenas olhos.
Eles olham. Olham tudo ao redor.

Se há arte, têm de haver os olhos,
que são da alma a janela,
segundo dizem.
Mas devem ser muito mais que isso.
Devem ser a própria alma,
que deve ser o próprio sentimento.
Isso ao limite deve ser o sublime.
E que me perdoem as religiões.
Apenas acredito mais nas minhas visões
do que em muitas dessas histórias,
visões de outros.

É com meus olhos que enxergo,
e para mim são demais,
mais do que esperaria ter
antes de vir a este mundo.

Queria que este sentimento de ajudar o mundo
que chega com as minhas vistas
não viessem tão de sopetão,
sem avisar.
Ou então que eu já tivesse alguma carta na manga
para que eu pudesse, pelo menos,
me sentir bem e fazer algo.
Mas meu umbigo é muito grande.

Espero enxergar o mundo, ainda,
com todas suas nuâncias,
todas suas facilidades e dificuldades,
e saber diferenciá-las.
Espero enxergar o mundo
não como ele de fato é,
mas sim, como as pessoas o enxergam
(ninguém pode negar ser absolutamente míope).

Espero que ainda veja eu o mundo
como ele merece ser visto,
com cada detalhe como punctum
nos saltando aos olhos
não pela sua arte ou sua beleza,
mas pela necessidade de saltar-se
aos demais elementos que,
não por mediocridade,
mas por quantidade,
são banais.

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