sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Poeminha

Deu vontade de escrever
de escrever um poeminha
bem simples e sem rima,
um poeminha que não diz
nada de mais,
mas que fala das plantas
e do mar,
que fala das ondas,
fala da relva,
fala dos animais,
que toda criança gosta de animais.
Este poeminha
ninguém pode ler
por que ninguém pode saber
que eu escrevo poeminhas.
Este poeminha é tão bobinho,
não tem romance,
não tem beijo de novela
(daqueles na boca que fica virando o rosto),
não tem nada de mais.
Mas depois vou escrever um poeminha
para a Laurinha,
tão bonitinha,
que nunca me nota.
Ela senta na terceira cadeira,
na fileira do meio,
é tão bonitinha...
Este poeminha vai ficar guardado
aqui nesta gavetinha.
Quando um dia quem sabe
eu for mudar de casa
vou achar ele guardado
no fundo dela, bem dobradinho
porque não queria que ninguém lesse,
vou ler e vou chorar
e vou ver que o que eu vou escrever
é muito diferente do o que eu escrevi aqui
e mesmo não tendo dizendo tanta coisa assim
vou me emocionar muito
por que este poeminha
não está mais tão pequenininho assim,
mas tenho por ele tanto apreço
que não cabe na margem do papel
que minha professora disse
que era importante respeitar,
mas não sei por quê.
E quando eu chorar
lendo este poeminha
não vai ser de tristeza,
só se cair uma lágrima
e manchar minha letrinha.
Vai ser um choro de alegria
por que vou sentir
que este poeminha ainda tem
tudo que eu sempre costumei sentir
e tudo que eu sempre me lembrei
que gostava,
do jeito que eu lembro
que gosto de chocolate,
que gosto de canudinho de doce de leite
e que gosto de lamber os dedos
depois de comer salgadinhos,
e também que gosto de comer salgadinhos.
Este poeminha
sempre vai ser meu xodó.
Vai ser meu guardião
como o anjo-da-guarda.

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