segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Passeio ao redor de nossos sentimentos

Com os subterrâneos aqui do meu lado de cabeceira fiquei pensando e deu vontade de sair andando, e eu saí e fui andar e ver as pessoas paradas na praça, as pessoas ficam ali sem nem saber por quê, mas ficam e às vezes me faz bem ver gente por ali então achei que deveria passar por lá. Hoje fiquei pensando que tipo de pessoa eu seria, fiquei pensando se eu poderia ser mais de uma pessoa dentro de mim, não uma dupla-personalidade, mas duas pessoas diferentes mesmo com vários sentimentos e idéias diferentes, e por quê não? eu pensei comigo e quis ser outra pessoa por um momento, que eu já tinha enjoado de mim e pensei que se Fernando Pessoa podia ser não dois, mas quatro, por que é que eu não poderia ser ao menos dois - um triste e um feliz? E como diria meu amigo (que não me conheceu mas acho que talvez desse certo de a gente ser um pouco amigos mesmo) que até já citei pouco atrás: "tristeza não paga conta", então resolvi ser o feliz hoje. Andei mais um pouco para ver se continuava a pensar tão longe como meus pés nunca chegariam nem que voassem mas vi que não pensava em nada mais, estava ali apenas sendo e era só o que eu podia fazer eu só podia ser. Quem não é Jack não viaja e não tem a batida e não tem o ritmo de palavras de modo que fica quase sempre difícil pensar se, ora, já pensaram por nós, aí fiquei preso nisso que tudo que eu pensava alguém já tinha pensado e que isso fazia de mim um nada e aí fui diminuindo diminuindo até ficar de um tamanho irreconhecível e ninguém ali parecia se importar com nada disso, muito menos parecia que isso ainda iria ser motivo de preocupação e diminuí mais ainda por ficar pensando em algo que agora parecia menos importante do que um escritor que não sabe escrever (que agora poderia até ser eu mesmo). Percebi que era a hora de voltar para casa que este deveria ser o eu triste querendo voltar e ainda não era a hora e quando cheguei em casa coloquei um samba da pesada, deu vontade de apagar a luz para ouvir cada das palavras que fazem a gente querer tocar violão com um monte de gente em volta a noite toda e ainda fazem a gente sentir coisas que só se pode sentir ao se ouvir um bom samba, fui me deixando ficar assim a noite inteira e vi que era isso que todo mundo procurava na rua. Pensei: tutti buona genti!

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